A Câmara, acompanhada dos representantes da Apac Cajuru, visitou a Apac Itaúna, em 05/11, para fundamentar o voto no PL 56, de autoria do Executivo, que concede para a Apac de Cajuru, por 30 anos, o direito de uso de um terreno de 6.400m2 na av. Marceneiros, no Distrito Comercial.
As instalações da Apac Itaúna foram apresentadas pelo recuperando Marcos Maurício Silveira, 29, que chegou ao local há cinco anos tendo estudado até o ensino fundamental. Terminar a educação básica é obrigatório na Apac, então Maurício voltou a estudar, e após concluir o ensino médio, decidiu entrar em uma faculdade.
Ele graduou-se em Logística, e em 10/11, vai se formar no curso de especialização em Logística Empresarial. Hoje, dos 177 recuperandos, 20 estão cursando o ensino fundamental, 30, o médio, e 8, faculdade. Silveira lembra que a Apac tem uma parceria com a E.E. Zezé Lima e que as aulas presenciais vão voltar em 08/11.
Além da educação, a Apac oferece trabalho na padaria, marcenaria, fábricas de blocos, horta, oficina que presta serviço para a Magneti Morelli, entre outros. Na padaria são assados em média 5 mil pães por dia. Na marcenaria são construídos móveis planejados residenciais e comerciais, e Silveira conta que o cenário da TV Cidade foi feito pela marcenaria da Apac.
Na fábrica de blocos são feitos em média por dia mil blocos (010, 015, 020 e bloquetes) com a ajuda de uma máquina que foi comprada com recursos de multas pecuniárias. Na horta que tem um espantalho, são plantadas acelga, beterraba, pimentão, quiabo, alface, mostarda e berinjela, entre outras. Na oficina são produzidas a mangueira do ar-condicionado do Fiat Mobi, e o difusor do ar-condicionado do Uno e do Strada.
Há momentos também de recreação e socialização. Silveira lembra que um educador físico duas vezes por semana ministra atividades na quadra do local, e que tal atividade é resultado de uma parceria com a Prefeitura de Itaúna. Silveira que cumpriu pena em uma cadeia comum por dois anos, lembra que o ócio provocado pelas penitenciárias atrofia o corpo.
Além de exercitar, Silveira conta que diariamente há às 7 h um ato socializador ecumênico chamado “Bom dia Jesus” que pretende resgatar o significado da palavra bom dia.
Tantas atividades criam uma rotina regrada que para Silveira torna o cumprimento da pena na Apac mais difícil do que em uma cadeia comum. Silveira conta que na penitenciária ele via TV o dia todo e costumava trocar o dia pela noite.
Além dessa falta do que fazer, Silveira conta que sempre foi chamado pelo seu número no cadastro no Infopen no tempo em que esteve na penitenciária.
Na Apac, todos os recuperando são chamados pelo nome, não usam uniformes, dormem em camas, e não há visita vexatória para os familiares. Além disso, Silveira conta que assustou quando chegou no refeitório e viu os recuperandos almoçando com garfo e faca ao lado dos funcionários.
Hoje, a Apac de Itaúna tem 24 funcionários, e uma deles é a inspetora de segurança, Poliana Ferreira que trabalha no local há um mês. Ferreira que trabalhou em uma Apac feminina por 1 ano e 8 meses, é a responsável por cuidar da disciplina e conferir os trabalhos.
Para Silveira, a relação baseada na confiança com os funcionários e voluntários ajudou em sua recuperação. Silveira diz que não é vítima da sociedade e está pagando pelo seu erro.
Esse testemunho foi conferido pelos Vereadores Sebastião Gomes, Rafael Conrado, Bruno Alves, Sérgio Quirino e Emerson Miranda, e pelos representantes da Apac de Cajuru Mozart Prado, Deyse Prado, Dalton Rabelo e Bruno Shester.
Quer ler o PL 56? Acesse https://bit.ly/2Yd8X19
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